quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Viva Santa Bárbara!

Caia na calçada
como a tarde caia
nos espelhos dos edifícios.
O homem caia na calçada
calcando os pés
para um abismo raso
bem próximo da morte
Caia na calçada
como um pingente
que se perdia
e rolava por água abaixo.
Todos os sonhos por terra;
todas as horar ardendo
como açoites nas costas dos negros;
e as esperanças, desejos, canduras?
Passaram de repente
como uma promessa esquecida...
- Como um final triste de novela.
Caia na calçada
o jesto, a dança, a ginga, o teatro
( Se é que se podem dar nomes! )
Caia na calçada
não os esforços de um homem,
mas uma comédia humana
representada por aqueles
que viram, ouviram e sentiram
sua queda do alto, das nuvens...
outros disseram que foi do álcool.
Caía na calçada
sem eira nem beira
como um trapo velho
que se joga fora
ou como a prostituta apaixonada
que possuimos pra ter asco
depois de uma noite da amor.
Caia na calçada
o choro de uma mãe,
a velhice de um pai,
a esperança de um filho...
Caia na calçada
( agora cheia da gente )
uma última réstia
do sol na cidade,
E tudo parecia tão mágico!
Veio uma chuva:
depois a noite
com seu quê de luxúria;
depois mais nada...
Os cacos no chão
pareciam gritar, exclamar
e os homens, esses seres inúteis,
pareciam apenas olhar.
Era tarde demais
a promessa que caia na calçada
agora não se levanta mais.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

O tempo e os rastros (Monólogo em versos)

O TEMPO E OS RASTROS (Há uma senhora sentada, olhando para a plateia. Ela quer nos dizer algo, mas tem dúvida de como fazê-lo, plane...