sábado, 31 de agosto de 2013

A moça bonita


Quando em ti os olhos pousei
disse: Vejam que moça bonita,
de longe parece uma artista
cujo nome nem lembro nem sei.

Quem seria ela, Me indaguei,
que anda com tamanha altura,
controla a voz e a postura
e um sorriso daquele? Não sei...

Eu só sei que foi assim 
que algo em mim disse sim
pr'aquela moça que tão linda.

E mesmo depois de casados
olho pra ti e assombrado
vejo que és mais bela aínda.

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Coração aperreado!

Coração aperreado!

Cupido, vai te lascar, cupido!
Vai flechar a triste de tua vó
que meu único desejo de nó
é o que te prender bem prendido!

Oxe, e eu to lá virando besta
pra tar levando flecha de graça.
Agora pega tu essas desgraças
e experimenta furar a testa...

Tá doido! Isso só nos machuca,
aperreia, deixa a gente maluca
com vontade de danar-lhe a peixeira

Por isso, cupido, tu te orienta
não vem com essa seta nojenta
que eu te espanto na carreira!

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Melancolia do palhaço...

A maquiagem borrou-se, eu sei...
não restou nada mais que dores.
O sorriso que me prendia ao palco
agora não prende mais o coração.

Sim, posso chorar deveras,
se era isso que queria a tarde toda.
Quando eu ante a plateia
dava pulos e cambalhotas.

Agora sim posso enjaular-me,
pedir, de verdade, para ser devorado
pelo leão que em seu jaula
ainda luta pela liberdade.

Agora sim posso ser homem
e não mais um personagem...
posso vestir as roupas negras
que eu queria ao meu disfarce.

Posso enfim chorar, pois sou humano...
posso enfim despedaçar meu coração
em mil pedaços... posso sofrer
agora que estou fora do palco.

... como isto é engraçado...

A maquiagem se borrou, no tristíssimo palhaço!


Sad rose

A flor escrita na pedra,
na pedra o botão de flor...
se queres dar-me presentes,
presenteia-me o teu amor.

Que a rosa pétrea não cheira,
que rosa azul não destila
o orvalho que quero de ti
quando me desfaço em calmarias.

Vem, que a rosa em arte desfruta
de uma solidão sem fim...
tal qual a minha agorinha
quando estou pensando em ti.

Distante és, à minha frente
te encontras como irrealidade...
não te toco, não sinto, não cheiro...
tu em mim, só vontade...

de mim, a rosa mais triste!

sábado, 24 de agosto de 2013

O sofrimento da fé!

A todos aqueles que buscam a Paz:
-Dêem-se o descanso eterno!
A todos que querem conforto veraz:
-Dêem-se a lavoura, enxada e pás!
Para plantar nesse chão carcomido:
-O gota de sangue de nosso Senhor!
Sangue sagrado no madeiro cravado:
-Marcado na testa, na alma e na voz!
A todos que suplicam a divina mercê:
-Cravem nas costas uma fome de cruz!
A todos que viram e ouviram a voz:
-Dizendo que isso é o que resta pra nós!
Daquele que tudo nos pode fazer:
-Até passar fome, doença e nudez
Diga-se atento em uníssona voz:
-Que atente os ouvidos o nosso Senhor.
A Maria, divina protetora e mãe veraz
-Vinde nossa Senhora e dai-nos a Paz!

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Só por hoje não chores...

Só por hoje não chores, querida
deixa ao acaso toda essa mágoa
que insiste em te fazer desistir
Só por hoje ignora, ou finge
quem sabe, fingindo, sofras mais
quem sabe, enganando-te
possas realmente sentir tua dor
por isso, querida, por hoje não chores
Guarda tuas lágrimas pra o que vem
por hora... aprecia teu tédio
tua forma de apenas existir
e não buscar nada mais que o
silêncio que assola este quarto
Não, por hoje não chores
não és triste o suficiente para faze-lo
Por hoje esquece tudo... até de ti mesma
Por hoje oferece-te um desprezo
Uma solidão se puderes...
Mas não chores, não agora
deixa pra mais tarde... pra o fim
e se ele não vier...
espera tua tristeza ser o suficiente
para isso
Não chores... quem sabe assim
chorarás mais por dentro
de que expondo ao ridículo tuas lágrimas
Quem sabe quando chegar a hora
terás realmente força de chorar
e assim dormirás nas angústias de teu pranto
te envolverás nas cobertas de teu tédio
até que a escuridão de teu desprezo
feche teus olhos e apague as luzes

Poema de 27/08/2009

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

A menina invejosa

Uma outra, invejosa,
morava no vilarejo,
pra imitar a menina
quis fazer o mesmo feito.
Saiu pela madrugada
aproveitando a lua cheia
escondida baixo a roupa
a peste duma corneta.
A invejosa sentada
esperou que aparecessem
os lobos pra que ouvissem
a música da corneta.
Depois de umas três horas
os caninos por fim vieram
um tanto que desconfiados
daquela estranha cena,
mas a outra com um sorriso
leva aos lábios de repente
e enchendo as faces rubras
toca o seu instrumento.
O sonido se espalha
na escuridão da floresta
fazendo voar as aves
e escapar os morcegos.
Os lobos gritam alto: "Para!
Que zoada da mulesta!
Fica ai toda exibida
com a bosta dessa corneta!
Eu ja tô que não aguento
ter que ouvir essa peste!"
E os lobos atacaram
a menina encrenqueira.
Não quiseram devorá-la
"E quem quer essa tranqueira?"
Coisa ruim se joga fora.
Aprendeu, sua danada,
como é feio ter inveja?

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

A menina e a flauta

A menina à beira do rio,
beira do rio onde estava,
sozinha ao som das folhas
vestida como de nada,
pobres trapos, pobres vestes,
velha flauta afinava.
O vento frio, noite densa,
fazia tremer a carne,
vento a gelar em volta
e os olhos cheios de lágrimas.
Na moita verde, tão verde
os lobos a espiavam
sentindo o cheiro pueril
co'as bocas insaciáveis.
Com as mão trêmulas ergue
a flauta para os lábios.
erguendo à noite vazia
um canto rouco, cansado.
Quase não se ouvia a lira
do cantar pobre e fraco,
só os lobos escondidos
que a presa espreitavam
detiveram-se um pouco
ao som que os assustava.
Mas veio um vento moreno
que de norte a sul andava
parou-se na pequenina
para poder escutá-la.
A menina então sentiu
na presença de um estranho
alguém que ao som da música
fazia as folhas dançarem.
E tocando a flauta rouca
já não temia a mais nada,
nem ao escuro da noite
nem aos lobos que a cercavam.
E então tocou, tocou, tocou
até cair de cansada...
e as feras foram embora
guardando silêncio grave.
Quem te ninará pequena
no silêncio das montanhas?

terça-feira, 20 de agosto de 2013

O naufrago

Aquele homem
pedia esmola na rua
e ninguém o ouvia

só isso...

Aquele instante

Sabe aquele instante de silêncio
que a gente tem depois que amamos...
Aquele momento em que calar
faz com que a gente aprecie melhor
o sorriso de satisfação no outro...
 O momento em que apenas os olhos
se beijam docemente... delicadamente
felizes em ter desfrutado do carinho,
do afago, das palavras maliciosas...
e da companhia carnal, presencial
e é claro que sim, sexual do outro...
Sim, aquele momento que só é possível
quando há sentimento

Então eu penso que também a música
tem seus silêncios...

Retrato

Que tal um beijo?
Um abraço gostoso?
Que tal um cafuné,
uma palavrinha
sussurrada ao pé da orelha?
Que tal um pouco mais de nós
e que tal mais pouca roupa?

Sim, é isso que eu digo...
às vezes me visto de cinza
e meus poemas são por vezes tristes,
mas eu não deixei de ter em mim
a vontade de estar em ti...

Não... não julgues mal!
Sou feminina o bastante
para te seduzir...
como um nu em preto e branco.

Sim, são duas partes de mim...
uma pra dentro do que sinto e penso...
outra pra fora que são só sorrisos.

Todas nós somos assim...
Por isso tu que me lês
e sabes bem quem eu sou
não aches que quando estou triste
eu vá permanecer triste...

eu posso sorrir de novo!

Mas também posso zangar-me,
emudecer, cair a cadência dos versos.
Ser mais obscura. Posso odiar às vezes...

mas sendo alegre ou triste
serei sempre aquela Sophya
dos olhos altivos...

os mesmos olhos vivos
e que por isso choram
e que por isso riem...

A poesia é o meu retrato, se não do meu rosto, pelo menos daquilo que se passa em mim. Poema sincero.

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

A chegada

Quando voltaste pra mim portas adentro,
ao longe vi tua silhueta pela ventana.
Confesso que o peito pulsou e eu tive ganas
de abraçar-te e levar-te para dentro.

"Mas que é isso!" pensei febril, humana...
Por que teus anseios ainda me comovem
por que teus versos em mim se não dissolvem,
mas perduram nesta emoção assim insana?

Tive vontade, sim, eu sei e confesso.
Mas em meu poema não cabe teu verso
e minha vida sem ti mudou de centro.

Então te recebi serena, mas fria
e te presenteei esta última poesia
quando voltaste pra mim portas adentro.

domingo, 18 de agosto de 2013

Última luz

Não me deixes só, meu bem...
sofrer sozinha esta cruz
que já se foi a última luz
e o último verso também.

Escuridão vem e reduz
a medos as coisas mil
e esconde, por ser vil
toda a obra que cá compus.

Ah, delíquios meus d'agora!
Por que insistis nesta hora
em surgir estando eu triste?

Mas ao cantar canto derradeiro
hei de lembrar no verso inteiro
à escuridão que a luz existe.

Gratidão - Série sentimentos

- A criança segurava um mini presépio com tanta alegria que deu vontade de escrever isto!

O que se tem não é muito,
mas é o bem mais precioso.
Sentir-se bem sem ter tanto
e construir em tão pouco.

Mesmo que haja maiores
alegrias e mais sonhos.
Sonhar o seu que existe
e não o sonho dos outros

é o maior bem que se tem.
Aínda que o verso não soe,
é bom que seja assim mesmo,
tímido com a voz rouca,

mas que pode acalentar-nos
só por existir e pronto!

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Tensão - Série sentimentos

Havia furor nos olhos
quando dela as lágrimas,
pediam que calassem
a dor que nos causa.

As mãos sob o queixo,
sabiam que suportavam
os suores frios d'angústia
do medo, talvez da raiva,

Assim as imagens contam
de ações sem palavras
desesperos de homens
que ainda possuem alma

Mas calemo-nos nós
para não calar o retrato.

Esperança - Série sentimentos

Uma certeza de cura
quanto maior a ferida.
A mais perfeita morada
é a casa em ruínas.

A falta de pão na mesa
torna melhor a comida.
E a face mais radiante
vem daquele rosto triste.

Os homens tem essa força
motora que os incita
seguir sempre adiante
mesmo quando impossível.

Pois é no branco da neve
e no inverno mais frio
que no brilho das geleiras
que o verão se anuncia.

Soneto bêbado!

Se te não vejo, sofro calada
o sonho da tua ausência
por isso que em essência
olho a mim e vejo o nada.

Será saudade, demência
Essa falta que me falta?
A dor que fica e salta
afeta o todo e a vivência...

Estou bêbada e eu sei bem.
Todas as vozes saem sem
um fluxo lógico, verdades.

Ah, chega! Melhor calar-me,
grito pra não suicidar-me.
Deixa, são só soledades!

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Deyse Cristina quer o outono

Deyse Cristina quer o outono
pelo colorido seu tão triste.
Deyse Cristina quer o outono
pelo cair tal a nostalgia...

as folhas douradas do outono
estas as quer Deyse Cristina,
as folhas que estão se indo
dando-nos o último colorido.

Ela quer estas folhinhas murchas
que se dão em adeus, despedida,
porque elas transmitem a saudade
de um viajante longínquo

que vai, mas que promete voltar
no tempo que for preciso...
é essa esperança que ela quer
no fim de outono colorido.

Rainy Day

Dia de chuva, meu amor
esperemos mais um pouco
que o céu se pinta de aço
e a chuva ácida nos fere
ainda que um pouco.

Dia de inverno, manhã fria...
A água pelos esgotos
carregada de cinzas
fere as lembranças que temos
das paixões de outrora
em sintonia.

A chuva na cidade fere, meu amor...
não te precipites ao abismo.
Deixa calado ao peito triste
a saudade que tens quando estás comigo.

Fixa-te um pouco ao seio aberto
que te outorga o sangue da ferida minha.
Deixa que o calor aqueça os versos
que tu querias ouvir alegre...

mas se achas que o sol não sai,
fecha os olhos e me abraça forte,
tal aquelas estátuas que vês a longe
perto de uma loja no final da rua...
queda-te sereno e calmo
que é só um espetáculo esta chuva
e a solidão o enredo mágico.

Fiquemos um pouco, meu amor

sábado, 10 de agosto de 2013

Santos e pecadores



Não poderei mais pisar aqui!
Disse meu coração e chorou
triste de mansinho...
Não, não poderei mais!
E enquanto isso tu sorrias...
sim, aí de longe tu sorrias.

Os muros da igreja são pesados
e densos... a luz das velas
é como um ponto de repouso
que cintila e pode se apagar
quando a dor for imensa...

Mas ainda assim eu sabia
que aí, em algum cantinho longe,
teus olhos meigos sorriam.

Não posso mais pisar neste chão!
Meu coração está denso
como as colunatas desta abadia!
Nem percebo que estou tremendo toda,
tola... como se inda fosse uma menina.

O capelão reza na nave central da Igreja,
ao meu lado uma senhora repetia
as contas de um rosário velho
ao lado da imagem do Cristo.
Como é triste o sangue a brotar
em suas chagas abertas!

Sentada no meu cantinho
julguei se eu estaria melhor...
nunca compreendi bem
a razão disso tudo
como um ato de amor
que nos deixa tão feridos.

Não, eu sei que sou tola!
E não consigo nem juntar
palavras...
nem sei porque estou aqui,

Mas eu sei que por aí,
em algum cantinho longe,
mansamente entendias
que meu pobre coração
na verdade te pedia.

Então tu sorrias!

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Quero ver, Dona Chica!


Dona Chica, dona Chica
que mal tem eu brincar
de roubar as frutinhas
que caem em seu quintal?

Por acaso é desperdício
na barriga de criança
umas tantas acerolas
e umas outras tantas mangas?

Olha que Deus castiga,
viu dona Chica?
Que faz chorar a um anjinho
vai se ver Jesus Cristinho.

Ai eu quero ver
a senhora pegar a sua vassoura
e colocar ele pra correr.

Que farás, amor?

Amor, que farás
do sono sem sono,
do sono abandono
quando tarde demais?

Da noite sem lua
sem brilho na rua
versos sem sonhos,
que farás?

Que farás quando o beijo
não for mais desejo
e o desejo for nada
nas noites sem paz?

Pularás do edifício
no momento difícil
dos tempos atuais?

Ou irás às montanhas
recolher das entranhas
da terra uma flor
e a mim a trarás?

Sabe que presentes
os quero ausentes
que de ti não me destes
há tempos atrás,

pois que se findo
o contacto dos olhos
fechou-se a janela
da alma também.

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

O adeus da musa.

O adeus da Musa

#Ricardo Reis ao pé do leito moribundo de Lídia escuta desta a seguinte canção:


Quando eu me cansar de ser flor
e atenta aos versos escrever ainda,
pétala após pétala, o seio desnudo
deixará secar toda a poesia.



Quando eu me cansar da beleza intata
e ainda assim soar ao longe a lira,
solo, talo, folhas cairão aos poucos
deixando secos apenas os espinhos.



Quando de mim render, suspirar a morte,
os olhos murcharem a ver campinas
grandes lagos, lapsos de uma memória
detendo adentro o que fora está se indo...



não te impressiones da flor que vês,
que entregou-te a beleza que agoniza
Não chores o verso depois da morte...
deixa em meu ocaso tua mão na minha.



Que o lago ja se foi faz tanto tempo,
não passa de imagem a antiga pradaria
os pássaros não cantam como cantavam
nem as flores são mais que mera poesia.



Deixa em paz a tua pequena
deixa em paz a doce Lídia.

Cartas portuguesas


Cartas portuguesas

01. Senhora,
cá nesta capitania
de Pernambuco
foi vossa alteza
servida de enviar
mil flores de craveiros
mui rubras à terra chã.
Trouxe-as a dita nau
com o carregamento
dos escravos d'Angola.
Murcharam-se todas, eu sei
coas pétalas levadas
polo mar até Calicute;
por isso seja servida ordenar
que se procure presto
um caminho no além-mar
até o dito nosso reyno
afim de, por mercê,
vossos olhos contemplar.

Deos guarde-vos muitos anos...

02.  Senhor,
enviou-vos a dita nau
os cravos que vos mandei.
Estes, porém, perderam-se
aquém das águas bravias
desta Terra de Santa Cruz.
Lá não se passará sede,
não se naufraga junto aos peixes.
Portanto seja vossa mercê
descuidado em procurar
nos caminhos de ultramar
as ditas flores minhas.
Deixo mandadas enterrar
como uma memória formosa
que cá está a navegar
um caminho que até vós, senhor,
assim como está.

Que Deos guarde-vos sem prantos
nos certões deste lugar.

Obs: Algumas palavras tem grafia antiga.

Passar ferro

As engomadeiras - Degas


Parece-se a escrever
o ato de passar ferro
que aquela dona de casa
executa com esmero.

No varal ela recolhe
os panos limpos e secos
e por cima do seus ombros
vai levá-los para dentro.

Separa as roupas por ordem:
camisas, calças e meias.
Saias, leçois, bermudas
as fronhas do travesseiro.

Sem tardar ela inicia
a costumeira tarefa
de retirar os amações
dos panos que sobre a mesa.

Uma a uma as roupas ficam
em sua textura correta.
E a dona de casa sorri
dando-se por satisfeita.

Igual labor é a poesia
pra quem quer ser um poeta.
As ideias que nós temos
as levamos para a mesa,

corrigindo os desníveis
que talvez por lá estejam.
Dando um retoque cá ou lá
em cada parte do verso.

Não um trabalho de ourives,
nem tampouco de arquiteto,
mas o de dona de casa:
com suor, mas com afeto.

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

O que do amor (Haikai)


Do amor as flores
conheço até os espinhos
que protegem da dor...

Despedida



Quando te foste de mim estrada afora
não senti tristeza ou amargura n’alma.
Serena pousei-me na janela, calma
Entreguei-me ao fato de ires embora.

Não quis deter-me em fios e rastros
que se rasgariam de dor a qualquer hora,
alheia, deixo tecer-se com os fios de agora
o vazio no canto em que deixaste lastro.

Foi uma noite só, sereninha e poética.
A lua brilhava sem pedir estética
não pedia versos ou nada em melhora.

Foi assim que fui deitar-me no dia,
serena, mulher, entregue a calmaria
quando te foste de mim estrada afora.

Fotografia



Sou só luz a princípio,
um instante passado
um flash, botão, um clique.

Geralmente um sorriso
que a gente dá por dar
e pronto. Instante...

A luz que nos prende,
enclausurados no tempo
de repente... sou imagem.

Não importa como me sinta
depois que se forem as luzes
se tiver um sorriso
mesmo que seja falso
para sempre, naquela imagem

eu irei de estar alegre.

O tempo e os rastros (Monólogo em versos)

O TEMPO E OS RASTROS (Há uma senhora sentada, olhando para a plateia. Ela quer nos dizer algo, mas tem dúvida de como fazê-lo, plane...