sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Casas


Casas

Ladeando nossas estradas
existem certos cubículos
feitos de suor e concreto
nos quais os homens crescidos

sentem-se novamente feto.

Todo o conforto de útero:
calor de ventre materno,
tem neles imagem perfeita
obra-prima industrial, externa

útero artificial, sem sexo...

E se são de novo rebentos,
são de uma mãe quotidiana
mãe que sempre estando prenha
tem seu constante parto diário.

Inreprodutivo e assexuado.

Mas como reaver a antiga
morada? Reencontrar assim
de soslaio o ventre perdido,
a casa da mãe onde tinha

atenção de único filho?

Poder-se-á reconstruir tal
cubículo singular, medido
em sua forma aritmética
com todos os traços nativos

onde amalgamados todos
comunguem de uma mesma mulher?
E onde o homem se sinta
criança, dona de um reino

que venha a ser só seu?

Onde o útero o acolha
por ser frágil seu ser?

Nenhum comentário:

Postar um comentário

O tempo e os rastros (Monólogo em versos)

O TEMPO E OS RASTROS (Há uma senhora sentada, olhando para a plateia. Ela quer nos dizer algo, mas tem dúvida de como fazê-lo, plane...