terça-feira, 6 de setembro de 2011

A memória é um porto.


A memória é um porto
em constante movimento,
uma via de mãos múltiplas
para quaisquer pensamentos.

Talvez um ponto de partida:
e os seus quantos aspectos,
concebidos em conjunto,
tem seu próprio hemisfério

e que é uma construção
sempre em fase de projeto,
porto que está a ampliar-se
demolindo-se a si mesmo.

E, se é porto a memória,
serão águas o que o cercam;
umas densas, caudalosas,
outras pobres, rarefeitas.

E, se é porto a memória,
trabalhando por extenso,
as águas com que ele lida
não serão de todo idênticas.

Serão mar quando em ondas
dialogam seus movimentos,
porém em rios se tornam
quando vêm por afluentes,

que são vários (des)caminhos
por paisagens diferentes,
caminhando a um rio maior.
E ao mar, por conseguinte.

Mesmo quando a água mingua
nos tempos duros das secas,
um porto nunca descumpre
a função pra que foi feito:

receber as embarcações
e tudo que houver nelas,
mesmo como retirantes
de pés descalços na areia,

mesmo que no horizonte
fiquem os barcos à espera
de se ancorarem na praia,
ou se apoderarem dela.

E, se é porto a memória,
terminal de passageiros,
será lugar de passagem
com seus olás e adeuses.

Será encontro de águas
e de muitas suas correntes,
de pessoas de outros mares,
de assuntos diferentes.

Pois, tal peças de mosaico.
se encaixam em desenho,
a memória pelos vários
um grande todo estende

feito de idas e vindas
que é construir-se sempre,
pra ser ponto de partida
e de encontro das mais gentes.

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