Sei que não sou uma rosa,
não sou um lírio dos vales
nem sou formosa ao ponto
de macieira entre árvores.
Sou antes a flor murchinha
pelos invernos do passado,
não me deito em sombra alguma,
até os verões me desfolharam!
Se não sou a rosa de Sarón,
quem esperaria que me amasse?
Quem que viria sobre outeiros
pulando e me resgatasse?
Quem ao longe, mui longe
soaria a trombeta, clarins de prata?
Meu amado perdeu-se na guerra
nas pradarias de Moabe,
trazia no peito o bronze
enferrujado de uma espada
e nos olhos que eu vi tão belos
a marca gélida de uma lágrima.
Sei que o Eterno acolhe
as viúvas desamparadas
que sem culpa dos labores
que gastam na mocidade
pranteiam os maridos e filhos
nas tumbas dos antepassados.
Cobrir-me-há com o seu véu
de justiça solidária...
não sei se me dará sorrisos
que eu tinha quando estava
junto àquele a quem eu era
como manceba que repousava
na macieira frente ao bosque
e cujo fruto me alegrava.
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