quarta-feira, 19 de outubro de 2011

A árvore da clareira



Triste árvore, como te desenhas
solitária entre os lobos ferozes
que não te desejam, te ferem
com seus olhares em fúria algoz!

Se por acaso, árvore não fosses,
fosses ovelha, veado, ou cervo,
seria menos triste tua solidão
mesmo que a morte viesse a tua porta?

Árvore, se tão frágil e franzina
não te desenhasses no campo
poderia ser que te sentisses
algo que seja parecido a amada?

Se não tão solitária no frio
teus gestos não falassem
da dor que sentes por dentro
entregarias teu corpo às feras?

Que ângelus novus tu esperas
nesta solidão sem estrelas
sem sacis ou mães d’água
pra que venha a te consolar?

Talvez este poema, triste irmã,
seja aquele punhal que te escreve
o nome das pessoas que a teu casco
arranham nomes que te olvidam.

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