quinta-feira, 23 de maio de 2013

Navegando no São Francisco



- Não te preocupes, garoto!
Não te preocupes, meu filho.
Que as ondas do rio que vem,
as mesmas do tempo antigo,
serão as ondas que irão
estar pra sempre comigo!-

-Mas vovô, vem uma tormenta
e o rio pressente o perigo
as ondas que cá se remexem
soam como um sinal de aviso!-

- E não foi assim sempre?
Quando as águas se agitam
precisamos cautela, não medo
daquilo que não vimos ainda.
Ali na frente há uma curva
e do outro lado uma ilha,
as águas turvas nos empurram
melhor, nos embalam consigo.
Já, já avistaremos o porto
que está nas margens do rio. -

- Esta viagem é de dúvidas,
por que querer tanto perigo?
Por que não a estrada reta
sem tantas curvas no caminho?

- Porque a vida é assim mesmo.
Se não nos jogarmos aos riscos,
às flutuações e correntezas
perderemos a chegada e a saida
o durante é agora, o depois não mais.
Viver assim é muito triste!
Este rio enfrente pedras, vales...
ele cai de vez em quando, o rio
é um caminho que se refaz
todo dia ao longo do caminho.

E assim se foram o velho e o moço
navegando no São Francisco.

Solidão - Série sentimentos


Talvez erro de fábrica,
por aí nem tem sentido.
O mundo vai e se acaba,
e não há tempo perdido.

Solidão vem, vida passa.
Que falta faz o carinho?
Nem um pouco se olharmos
a sombra que se aproxima.

Porém ela existe e doi,
quando se torna demasia.
Fugir pra onde se dentro
é que está sua ferida?

A vida passa, se esvai
o vento murcha as rosinhas.
E é assim que vamos, vamos.
Ruim demais ser tão sozinho.

Visão da Janela

Não importa onde estejamos, a gente sempre pode se abrir em janelas para o mundo. Mesmo que seja no vazio, mesmo que seja no escuro. Uma janela sempre capta a luz que vem do infinito. E a luz pode ser a a esperança a quem se atrever a olhar fora de si apenas um pouco. Nem sempre o que aparece na janela é algo agradável, mas as coisas ruins muitas das vezes nos ajudam a que nos questionemos sobre nós mesmos. Ser aberta, ser horizonte, mostrar novos mundos e novos olhares sobre coisas já antigas, é isso que quer uma janela. Ela não precisa se mover para dizer que além dos limites da casa há uma vida lá fora que se mostra dinâmica e agitada. Mas tem uma coisa, tudo isso seria em vão se nós ficássemos presos ao nosso mundinho, rejeitando as aventuras que a vida nos oferece. Então... se abra! Faça de sua mente janelas que as portas do mundo se abrirão, então você descobrirá que todo o cansaço do dia de descobertas torna mais prazeroso o aconchego da casa.

quarta-feira, 22 de maio de 2013

Que tenho em mim?

Que vês em mim que te atrai?
Que vês em em mim que te doi?
Que tens em ti que em mim
os olhos repousam sem voz?

Que tem em mim que te dá
ganas de ver-me sentar,
sentir o vento que vem
acariciar meus cabelos
na praça do cais?

QUe tenho, que tens tu?
O verso não se responde,
O verso duvida sem fim
porque tu não dizes
não dizes...

Só teu olhar acusa:
e o meu se intimida.
O teu me procura
 e o meu...

Joana Franco

Sou Joana vestida de flores.
Cingida de odores e versos.
Feroz nos amores e excessos
Sou Joana Franco, senhores.

Dos homens o sonho pulsante.
Dos homens a dor que não cala,
corações aflitos, sem fala
os olhos me seguem gritantes.

Sou eu, Joana atrevida
Joana dos outros, da vida.
marcante e sem dono

Joana que bem do teu lado
retira de ti todo o fardo
te dando de novo ao abandono.

Linda... linda Lia


Lia... linda Lia
que desnudas o seio
Lia... linda Lia.
Que chamas ao beijo
Corpo e chamas... Lia.
Mexendo os cabelos.
Seda, sol, poesia... Lia.

Lia... linda Lia.
O corpo tremendo,
Vaso, perfumes, Lia
o sangue fervendo.
Pulsando, pedindo ainda
beijos e toques.
Delícias, amores, Lia.
Dar-te-hei, minha querida
Linda... Lia linda.

O tempo e os rastros (Monólogo em versos)

O TEMPO E OS RASTROS (Há uma senhora sentada, olhando para a plateia. Ela quer nos dizer algo, mas tem dúvida de como fazê-lo, plane...