Vou te esperar à janela, querida...
se bem meu ser quisesse dar-se
a outros ares e a outras graças
que não as tuas, de mel, de favo...
Vou esperar-te por algum tempo.
Deixarei que a luz me envolva
como os abraços que tão ardentes
me desses nas nossas noites juntos,
o ar das manhãs solitárias ser-me-á
de consolo à tua monótona ausência
Mas vou te esperar, ainda que não muito.
Que pobre amor é aquele se desfaz em
múltiplos pedaços de solidão velada?
Acaso seria o apego uma fuga do dor nossa?
Seria esse meu querer tão bruto e incoerente
uma forma brusca de quebrar, de rejeitar?
Eu te espero, querida, ainda que por caso,
sei que não se pode sentir saudade pra sempre
de algo que tem seus próprios compassos...
Ai, coração, que é tão menino e tão dado...
acaso é de profissão que doas tanto assim?
Nem queiras entender
os espinhos do meu jardim.
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